domingo, 22 de setembro de 2013

Pe. Alexandre Awi fala sobre o Papa Francisco



“O que mais chamava a atenção era o seu desejo de estar junto com as pessoas”.
               
Afirma sobre o papa Francisco o padre Alexandre Awi (Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt), que foi seu secretário durante a Jornada Mundial da Juventude.

O padre Alexandre Awi, que desde o ano passado compõe o quadro de professores do Curso de Teologia no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campus Pio XI), atuou como secretário do papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho no Rio de Janeiro. Ele faz parte da Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt e, em 2007, também trabalhou junto com o então cardeal Jorge Mario Bergoglio na 5ª Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe, realizada em Aparecida.



Assim, Pe. Alexandre Awi, Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt, secretário do Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, tenta explicar como vivenciou esses dias com o Papa, numa entrevista.

– Como o senhor recebeu a notícia de que acompanharia o papa Francisco durante a JMJ?

Pe. Alexandre Awi – Eu recebi essa notícia através do núncio, quase dois meses antes da JMJ. Me assustei um pouco porque já tinha vários compromissos durante a Jornada e tive de me reorganizar, e de outra parte ele pediu sigilo, eu não podia mencionar muito essa questão. Eu convivi com o cardeal Bergoglio durante três semanas em Aparecida (na 5ª Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe), e foi a pessoa que mais me impactou durante toda a conferência, por sua simplicidade. A gente o vê hoje como papa, mas ele não era diferente como cardeal. Eu tinha pelo menos uma vontade de que durante a Jornada pudesse encontrá-lo, mas jamais pensei que ia estar tão próximo. Então foi uma alegria, mas também uma preocupação no sentido de se ia dar conta.

 – Que traços da personalidade do papa Francisco o senhor destacaria?

Pe. Alexandre – Acho que o que mais chamava a atenção era o seu desejo de estar junto com as pessoas. De alguma forma ele conseguia transmitir isso, e até aqueles que só o viam passar rapidamente sentiam que estavam sendo tomados em conta, acolhidos. Os traços da sua personalidade que eu mais destaco são a sua simplicidade, sua humildade e ter um coração muito grande. A Jornada foi uma oportunidade para ele amar profundamente e se sentir amado pelo povo brasileiro e por todos os jovens ali presentes.

– Há algum episódio que o senhor destacaria como representativo nesta visita do papa ao Brasil?

Pe. Alexandre – Talvez vinculando à pergunta anterior, eu diria justamente a impressão que causava estar ali no papamóvel e ver o carinho tão grande das pessoas, os que permaneceram horas esperando o papa na chuva, no frio. Eu me lembro especialmente em Aparecida que ele se sentiu tocado por essa espera tão prolongada, pois fazia realmente muito frio. No momento em que descemos de helicóptero, para pegar o avião de retorno no Aeroporto de São José dos Campos, ele percebeu que muitas pessoas tinham ficado ali na grade, esperando, e fez questão de ir até eles. Atravessou pela grama, sujou o sapato todo e não quis subir direto para o avião; para ir até as pessoas, cumprimentá-las e dar a sua benção.

 – E o papa Francisco expressou a opinião dele sobre o Brasil e a juventude presente na JMJ?

Pe. Alexandre – Expressou em vários momentos, mas talvez o mais significativo tenha sido mesmo na entrevista que ele deu no avião, em que o papa fala muito claramente sobre o grande coração do povo brasileiro, um povo que o acolheu muito bem, ele se sentiu profundamente em casa. E depois em relação à juventude ele teve palavras muito fortes no sentido do protagonismo, do sair às ruas. Na entrevista que deu na televisão (para a rede Globo) ele destacou esse valor da mobilização. Para os argentinos, ele falou: “Façam lios”, uma palavra que quer dizer “bagunça”, em espanhol, que também é uma expressão forte, como dizendo: movimentem-se e façam com que a Igreja se movimente também.

– O senhor, como educador, de que maneira avalia esse chamado ao protagonismo juvenil?

Pe. Alexandre – É uma confirmação do nosso caminho com a juventude aqui no Brasil. É um termo que tem sido muito usado pelo setor juventude, pela Pastoral da Juventude, a própria revista aqui dos salesianos tem esse termo (Protagonistas). Então me parece que é uma confirmação do caminho que nós temos feito e um convite a uma juventude que realmente precisa ser ativa, se envolver, precisa ter um lugar dentro da sociedade.

– No seu perfil do Facebook os jovens iam colocando fotos suas… De certa forma a sua presença também representou a juventude junto do papa?

Pe. Alexandre – Foi algo que eu não esperava. Depois, estando lá, é que pude perceber, pelas mensagens que chegavam, que estar do lado do papa não era algo meu, era algo de muita gente. Eu senti que muitos estavam se vendo representados ali e a responsabilidade de rezar por essas pessoas. Foi um presente para mim e talvez para eles também.

– O papa Francisco destacou a Espiritualidade Mariana, algo muito presente tanto para a Família Salesiana como para o Movimento de Schoenstatt. A Espiritualidade Mariana é importante para a juventude de hoje?

Pe. Alexandre – Acredito que sim, sem dúvida. O papa é muito mariano, e ele é um romeiro, uma pessoa que tem fé de peregrino e crê realmente nessa intercessão de Nossa Senhora. E isso para os jovens tem um valor muito grande pelo fato de Maria ter um papel maternal e de educadora. Então, em um mundo em que cada vez mais a Igreja precisa ser mãe, precisa acolher, como o papa falava, e não ser uma Igreja por correspondência; ressalta-se que a missão de Maria é justamente essa, de uma Igreja maternal, que mostra o seu rosto afetivo, misericordioso, acolhedor, o que é muito importante para os jovens de hoje.

Entrevista para Pedro André, Salesiano, estudante de teologia da Inspetoria de São Paulo.

Fonte de texto e imagem: Boletim Salesiano


Retirado de: http://www.maeperegrina.org.br/pe-alexandre-fala-sobre-o-papa-francisco/

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