Estudando as cartas de
São Paulo Apóstolo podemos ver que a fé tem quatro níveis:
1º nível: A aceitação da fé:
um sim ao anúncio do Evangelho. A pessoa recebe o anúncio do Evangelho, a
verdade de que Cristo foi morto e ressuscitou para a salvação dos homens de
todos os tempos e lugares. O Evangelho bate a porta do coração, quer entrar na
vida da pessoa e ela diz “sim”, aceito o Evangelho na minha vida. Rm 4,23....
Neste primeiro nível a fé é:
- Racional: o sim da pessoa contém a aceitação de elementos intelectuais. Entende-se aquilo que se aceita. Abandona-se os ídolos e converte-se ao Deus vivo.
- Pessoal: não é só intelectual como aceitação de um fato histórico (Cristo morreu e ressuscitou), mas acontece uma comunhão. É uma aceitação de Cristo que entra em minha vida com sua morte e ressurreição. Aqui começa a relação pessoal entre aquele que aceita o Evangelho de Cristo e o próprio Cristo que espera a minha resposta. Cristo entra na vida da pessoa e a transforma.
- Incondicional (sem condições prévias): exige uma abertura total da parte de quem aceita Cristo. A pessoa aceita o Evangelho sem saber ainda qual é o impacto que ele terá na sua vida. O Evangelho é dom de Deus e não pode ser controlado por nós. Aceitá-lo é arriscar-se. É um abandono da segurança humana e um ato de confiança total na segurança divina.
- A fé não é opcional: a fé é necessária para que o homem seja plenamente homem. 1Cor 15,1-2. E para a salvação eterna. Rm 5,1-2.
“Eu
vos lembro, irmãos, o Evangelho que vos preguei, e que tendes acolhido, no qual
estais firmes. Por ele sereis salvos, se o conservardes como vo-lo preguei. De
outra forma, em vão teríeis abraçado a fé.” 1Cor 15,1-2.
2º nível: A cristificação
(a transformação em Cristo). A fé entra em todos os detalhes da vida e se
ramifica num processo lento de amadurecimento. Se não acontece esse processo a
fé permanece superficial. O Evangelho precisa tornar-se posse pessoal: “meu
Evangelho”. Rm 2,16; 16,25. Cristo entra na vida da pessoa pelo Batismo e ela
torna-se “templo do Espírito Santo” que pouco a pouco forma nela os traços de
Cristo. Gl 2,20 (Eu vivo, mas já não sou
eu, é Cristo que vive em mim.”); 4,19. A transformação em Cristo é obra do
Espírito Santo.
Continuamente precisamos acolher Cristo em nós. Ele deve
se tornar um valor pessoal, fundamento
e forma da nossa vida. Fl 1,21 (Porque para mim, o viver é Cristo e o
morrer é lucro.”); Fl 3,8-11. Neste segundo nível da fé entra o amor pessoal. Escolher Cristo,
relacionar-se com Ele, conhecê-lo profundamente implica sentir a sua força, mas
também partilhar da sua cruz. Os valores vividos e anunciados por Jesus
precisam ser vividos e anunciados na vida diária. Rm 8,35-37 (Quem nos separará do amor de Cristo?...). A fé é um caminho e
depois de assumida com amor pessoal “nada nos separará do amor de Cristo.”
“Atravessar essa porta (da fé) implica embrenhar-se num caminho que dura a vida
inteira.” (Carta Apostólica Porta Fidei)
3º nível: A fé é comunitária.
Diversas pessoas que fizeram a opção de fé estão juntas sob o sinal da fé que
partilham. Cristo quando faz sua opção fundamental pelo projeto de Deus,
esvazia-se de si mesmo para servir aos outros. O cristão deve ter o mesmo ideal
de Cristo. Fl 2,1-5 “... Cada qual tenha
em vista não os seus próprios interesses, e sim os dos outros...”). Nós
professamos a nossa fé dentro da comunidade, partilhamos com os outros a fé que
assumimos pessoalmente e o amor que nos faz crescer juntos em Cristo.
Renunciamos a uma fé intimista que nos aliena da comunidade, como hoje é comum
até entre pessoas que se dizem católicas.
4º nível: A fé é missionária.
A fé torna-se impulso para a partilha. Ela é recebida na comunidade dos
batizados e é levada para a comunidade de fé e também para os que ainda não
estão na comunidade. O cristão torna-se tudo para todos! Quando descobrimos um
grande bem, algo que é muito bom para nós, queremos partilhar com os outros
esse valor. Assim, também deve acontecer com a nossa fé, nos tornamos anunciadores
de Cristo pela nossa palavra e, sobretudo pelo nosso testemunho de vida.
A fé nos dá a certeza de
que Deus é um Pai, Ele está presente em nossa vida. Apesar de associarmos a
imagem de Deus Pai, aos pais humanos, podemos dizer que Deus é um Pai semelhante
a eles, mas diferente deles... Lembremos da parábola do Pai misericordioso (Lc
15,11-32).
Material retirado do livro "Tua Aliança Nossa Missão" - Elaborado pelo Secretariado da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt - Coordenação e diagramação: Ir Rosequiel Fávero. Editado em 2013.
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