“O que mais
chamava a atenção era o seu desejo de estar junto com as pessoas”.
Afirma sobre
o papa Francisco o padre Alexandre Awi (Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt), que foi seu secretário durante a
Jornada Mundial da Juventude.
O padre
Alexandre Awi, que desde o ano passado compõe o quadro de professores do Curso
de Teologia no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campus Pio
XI), atuou como secretário do papa Francisco durante a Jornada Mundial da
Juventude, realizada em julho no Rio de Janeiro. Ele faz parte da Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt
e, em 2007, também trabalhou junto com o então cardeal Jorge Mario Bergoglio na
5ª Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe, realizada em
Aparecida.
Assim,
Pe. Alexandre Awi, Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt, secretário do
Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, tenta explicar como
vivenciou esses dias com o Papa, numa entrevista.
–
Como o senhor recebeu a notícia de que acompanharia o papa Francisco durante a
JMJ?
Pe.
Alexandre Awi – Eu recebi essa notícia através do núncio, quase dois
meses antes da JMJ. Me assustei um pouco porque já tinha vários compromissos
durante a Jornada e tive de me reorganizar, e de outra parte ele pediu sigilo,
eu não podia mencionar muito essa questão. Eu convivi com o cardeal Bergoglio
durante três semanas em Aparecida (na 5ª Conferência do Episcopado
latino-americano e do Caribe), e foi a pessoa que mais me impactou durante toda
a conferência, por sua simplicidade. A gente o vê hoje como papa, mas ele não
era diferente como cardeal. Eu tinha pelo menos uma vontade de que durante a
Jornada pudesse encontrá-lo, mas jamais pensei que ia estar tão próximo. Então
foi uma alegria, mas também uma preocupação no sentido de se ia dar conta.
–
Que traços da personalidade do papa Francisco o senhor destacaria?
Pe.
Alexandre – Acho que o que mais chamava a atenção era o seu desejo de
estar junto com as pessoas. De alguma forma ele conseguia transmitir isso, e
até aqueles que só o viam passar rapidamente sentiam que estavam sendo tomados
em conta, acolhidos. Os traços da sua personalidade que eu mais destaco são a
sua simplicidade, sua humildade e ter um coração muito grande. A Jornada foi
uma oportunidade para ele amar profundamente e se sentir amado pelo povo
brasileiro e por todos os jovens ali presentes.
–
Há algum episódio que o senhor destacaria como representativo nesta visita do
papa ao Brasil?
Pe.
Alexandre – Talvez vinculando à pergunta anterior, eu diria justamente
a impressão que causava estar ali no papamóvel e ver o carinho tão grande das
pessoas, os que permaneceram horas esperando o papa na chuva, no frio. Eu me
lembro especialmente em Aparecida que ele se sentiu tocado por essa espera tão
prolongada, pois fazia realmente muito frio. No momento em que descemos de
helicóptero, para pegar o avião de retorno no Aeroporto de São José dos Campos,
ele percebeu que muitas pessoas tinham ficado ali na grade, esperando, e fez
questão de ir até eles. Atravessou pela grama, sujou o sapato todo e não quis
subir direto para o avião; para ir até as pessoas, cumprimentá-las e dar a sua
benção.
–
E o papa Francisco expressou a opinião dele sobre o Brasil e a juventude
presente na JMJ?
Pe.
Alexandre – Expressou em vários momentos, mas talvez o mais
significativo tenha sido mesmo na entrevista que ele deu no avião, em que o
papa fala muito claramente sobre o grande coração do povo brasileiro, um povo
que o acolheu muito bem, ele se sentiu profundamente em casa. E depois em
relação à juventude ele teve palavras muito fortes no sentido do protagonismo,
do sair às ruas. Na entrevista que deu na televisão (para a rede Globo) ele
destacou esse valor da mobilização. Para os argentinos, ele falou: “Façam
lios”, uma palavra que quer dizer “bagunça”, em espanhol, que também é uma
expressão forte, como dizendo: movimentem-se e façam com que a Igreja se
movimente também.
–
O senhor, como educador, de que maneira avalia esse chamado ao protagonismo
juvenil?
Pe.
Alexandre – É uma confirmação do nosso caminho com a juventude aqui no
Brasil. É um termo que tem sido muito usado pelo setor juventude, pela Pastoral
da Juventude, a própria revista aqui dos salesianos tem esse termo
(Protagonistas). Então me parece que é uma confirmação do caminho que nós temos
feito e um convite a uma juventude que realmente precisa ser ativa, se
envolver, precisa ter um lugar dentro da sociedade.
–
No seu perfil do Facebook os jovens iam colocando fotos suas… De certa forma a
sua presença também representou a juventude junto do papa?
Pe.
Alexandre – Foi algo que eu não esperava. Depois, estando lá, é que
pude perceber, pelas mensagens que chegavam, que estar do lado do papa não era
algo meu, era algo de muita gente. Eu senti que muitos estavam se vendo
representados ali e a responsabilidade de rezar por essas pessoas. Foi um
presente para mim e talvez para eles também.
–
O papa Francisco destacou a Espiritualidade Mariana, algo muito presente tanto
para a Família Salesiana como para o Movimento de Schoenstatt. A
Espiritualidade Mariana é importante para a juventude de hoje?
Pe.
Alexandre – Acredito que sim, sem dúvida. O papa é muito mariano, e
ele é um romeiro, uma pessoa que tem fé de peregrino e crê realmente nessa
intercessão de Nossa Senhora. E isso para os jovens tem um valor muito grande
pelo fato de Maria ter um papel maternal e de educadora. Então, em um mundo em
que cada vez mais a Igreja precisa ser mãe, precisa acolher, como o papa
falava, e não ser uma Igreja por correspondência; ressalta-se que a missão de
Maria é justamente essa, de uma Igreja maternal, que mostra o seu rosto
afetivo, misericordioso, acolhedor, o que é muito importante para os jovens de
hoje.
Entrevista
para Pedro André, Salesiano, estudante de teologia da Inspetoria de São Paulo.
Fonte
de texto e imagem: Boletim Salesiano
Retirado
de: http://www.maeperegrina.org.br/pe-alexandre-fala-sobre-o-papa-francisco/