domingo, 22 de setembro de 2013

Pe. Alexandre Awi fala sobre o Papa Francisco



“O que mais chamava a atenção era o seu desejo de estar junto com as pessoas”.
               
Afirma sobre o papa Francisco o padre Alexandre Awi (Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt), que foi seu secretário durante a Jornada Mundial da Juventude.

O padre Alexandre Awi, que desde o ano passado compõe o quadro de professores do Curso de Teologia no Unisal (Centro Universitário Salesiano de São Paulo, Campus Pio XI), atuou como secretário do papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho no Rio de Janeiro. Ele faz parte da Congregação dos Padres do Movimento de Schoenstatt e, em 2007, também trabalhou junto com o então cardeal Jorge Mario Bergoglio na 5ª Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe, realizada em Aparecida.



Assim, Pe. Alexandre Awi, Diretor Nacional do Movimento de Schoenstatt, secretário do Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, tenta explicar como vivenciou esses dias com o Papa, numa entrevista.

– Como o senhor recebeu a notícia de que acompanharia o papa Francisco durante a JMJ?

Pe. Alexandre Awi – Eu recebi essa notícia através do núncio, quase dois meses antes da JMJ. Me assustei um pouco porque já tinha vários compromissos durante a Jornada e tive de me reorganizar, e de outra parte ele pediu sigilo, eu não podia mencionar muito essa questão. Eu convivi com o cardeal Bergoglio durante três semanas em Aparecida (na 5ª Conferência do Episcopado latino-americano e do Caribe), e foi a pessoa que mais me impactou durante toda a conferência, por sua simplicidade. A gente o vê hoje como papa, mas ele não era diferente como cardeal. Eu tinha pelo menos uma vontade de que durante a Jornada pudesse encontrá-lo, mas jamais pensei que ia estar tão próximo. Então foi uma alegria, mas também uma preocupação no sentido de se ia dar conta.

 – Que traços da personalidade do papa Francisco o senhor destacaria?

Pe. Alexandre – Acho que o que mais chamava a atenção era o seu desejo de estar junto com as pessoas. De alguma forma ele conseguia transmitir isso, e até aqueles que só o viam passar rapidamente sentiam que estavam sendo tomados em conta, acolhidos. Os traços da sua personalidade que eu mais destaco são a sua simplicidade, sua humildade e ter um coração muito grande. A Jornada foi uma oportunidade para ele amar profundamente e se sentir amado pelo povo brasileiro e por todos os jovens ali presentes.

– Há algum episódio que o senhor destacaria como representativo nesta visita do papa ao Brasil?

Pe. Alexandre – Talvez vinculando à pergunta anterior, eu diria justamente a impressão que causava estar ali no papamóvel e ver o carinho tão grande das pessoas, os que permaneceram horas esperando o papa na chuva, no frio. Eu me lembro especialmente em Aparecida que ele se sentiu tocado por essa espera tão prolongada, pois fazia realmente muito frio. No momento em que descemos de helicóptero, para pegar o avião de retorno no Aeroporto de São José dos Campos, ele percebeu que muitas pessoas tinham ficado ali na grade, esperando, e fez questão de ir até eles. Atravessou pela grama, sujou o sapato todo e não quis subir direto para o avião; para ir até as pessoas, cumprimentá-las e dar a sua benção.

 – E o papa Francisco expressou a opinião dele sobre o Brasil e a juventude presente na JMJ?

Pe. Alexandre – Expressou em vários momentos, mas talvez o mais significativo tenha sido mesmo na entrevista que ele deu no avião, em que o papa fala muito claramente sobre o grande coração do povo brasileiro, um povo que o acolheu muito bem, ele se sentiu profundamente em casa. E depois em relação à juventude ele teve palavras muito fortes no sentido do protagonismo, do sair às ruas. Na entrevista que deu na televisão (para a rede Globo) ele destacou esse valor da mobilização. Para os argentinos, ele falou: “Façam lios”, uma palavra que quer dizer “bagunça”, em espanhol, que também é uma expressão forte, como dizendo: movimentem-se e façam com que a Igreja se movimente também.

– O senhor, como educador, de que maneira avalia esse chamado ao protagonismo juvenil?

Pe. Alexandre – É uma confirmação do nosso caminho com a juventude aqui no Brasil. É um termo que tem sido muito usado pelo setor juventude, pela Pastoral da Juventude, a própria revista aqui dos salesianos tem esse termo (Protagonistas). Então me parece que é uma confirmação do caminho que nós temos feito e um convite a uma juventude que realmente precisa ser ativa, se envolver, precisa ter um lugar dentro da sociedade.

– No seu perfil do Facebook os jovens iam colocando fotos suas… De certa forma a sua presença também representou a juventude junto do papa?

Pe. Alexandre – Foi algo que eu não esperava. Depois, estando lá, é que pude perceber, pelas mensagens que chegavam, que estar do lado do papa não era algo meu, era algo de muita gente. Eu senti que muitos estavam se vendo representados ali e a responsabilidade de rezar por essas pessoas. Foi um presente para mim e talvez para eles também.

– O papa Francisco destacou a Espiritualidade Mariana, algo muito presente tanto para a Família Salesiana como para o Movimento de Schoenstatt. A Espiritualidade Mariana é importante para a juventude de hoje?

Pe. Alexandre – Acredito que sim, sem dúvida. O papa é muito mariano, e ele é um romeiro, uma pessoa que tem fé de peregrino e crê realmente nessa intercessão de Nossa Senhora. E isso para os jovens tem um valor muito grande pelo fato de Maria ter um papel maternal e de educadora. Então, em um mundo em que cada vez mais a Igreja precisa ser mãe, precisa acolher, como o papa falava, e não ser uma Igreja por correspondência; ressalta-se que a missão de Maria é justamente essa, de uma Igreja maternal, que mostra o seu rosto afetivo, misericordioso, acolhedor, o que é muito importante para os jovens de hoje.

Entrevista para Pedro André, Salesiano, estudante de teologia da Inspetoria de São Paulo.

Fonte de texto e imagem: Boletim Salesiano


Retirado de: http://www.maeperegrina.org.br/pe-alexandre-fala-sobre-o-papa-francisco/

Oração da Peregrinação 2014




A Oração do Jubileu é uma oração de peregrinação        

          
Sua composição foi motivada pelo desejo de ter algo simples e curto que poderia ser rezado em diferentes situações, entre nós como uma família, mas também com amigos do movimento e nos círculos da Igreja. Não é uma oração temática ou programática, mas sim a oração de um peregrino que se coloca em um caminho espiritual que irá levá-lo - transformado em um missionário - para o santuário e de lá para todo o mundo.



Querida Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt!
Com alegria, peregrinamos ao teu Santuário.
A fé do Padre Kentenich
te moveu a estabelecer em Schoenstatt a tua morada.
À sombra do teu Santuário,
surgiu nossa Família,
um novo caminho espiritual na Igreja,
e um carisma para o nosso tempo.
Enchemos a talha do Santuário com nossos dons para o capital de graças:
gratidão e entrega,
arrependimento e projetos.
A cada passo de nossa peregrinação, nós te pedimos:
acende em nós
fogo do amor a Ti, ao Pai e Fundador e à Família.
Concede-nos forças
para promover neste mundo uma Cultura da Aliança!
Educa-nos como teus missionários neste novo século!

Tua Aliança, nossa Missão!


1. O que eu quero agradecer, neste dia?
2. O que vou colocar, hoje, na talha?
3. Que ação missionária realizei hoje?

http://www.schoenstatt2014.org/pt/preparation/pilgrimage-prayer/


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O legado que o papa Francisco nos deixou

Não é fácil em poucas palavras resumir os pontos relevantes das intervenções do papa Francisco no Brasil. Enfatizo alguns com o risco de omitir outros importantes. O legado maior foi a figura do papa Francisco: um humilde servidor da fé, despojado de todo aparato, tocando e deixando-se tocar, falando a linguagem dos jovens e as verdades com sinceridade. Representou o mais nobre dos líderes, o líder servidor que não faz referência a si mesmo mas aos outros com carinho e cuidado, evocando esperança e confiança no futuro.
No campo político encontrou um país conturbado pelas multitudinárias manifestações dos jovens. Defendeu sua utopia e o direito de serem ouvidos. Apresentou uma visão humanística na política, na economia e na erradicação da pobreza. Criticou duramente um sistema financeiro que descarta os dois polos: os idosos, porque não produzem, e os jovens não criando-lhes postos de trabalho. Os idosos deixam de repassar sua experiência, e os jovens são privados de construir o futuro. Uma sociedade assim pode desabar.
O tema da ética era recorrente, fundada na dignidade transcendente da pessoa. Com referência à democracia cunhou a expressão “humildade social”, que é falar olho a olho, entre iguais, e não de cima para baixo. Entre a indiferença egoísta e o protesto violento apontou uma opção sempre possível: o diálogo construtivo. Três categorias sempre voltavam: o diálogo como mediação para os conflitos, a proximidade para com as pessoas para além de todas as burocracias e a cultura do encontro. Todos têm algo a dar e algo a receber. “Hoje ou se aposta na cultura do encontro ou todos perdem”.
No campo religioso foi mais fecundo e direto. Reconheceu que ”jovens perderam a fé na Igreja e até mesmo em Deus pela incoerência de cristãos e de ministros do evangelho”. O discurso mais severo reservou-o para os bispos e cardeais latino-americanos (Celam). Reconheceu que a Igreja, e ele mesmo se incluiu  está atrasada em suas formas de presença no mundo. Conclamou não apenas a abrir as portas para todos mas a saírem em direção do mundo e para as “periferias existenciais”. Criticou a “psicologia principesca” de membros da hierarquia. Eles têm que ser pobres interior e exteriormente. Dois eixos devem estruturar a pastoral: a proximidade do povo, para além das preocupações organizativas, e o encontro marcado de carinho e ternura. Fala até da necessária “revolução da ternura”, coisa que ele mostrou viver pessoalmente. Entende a Igreja como mãe que abraça, acaricia e beija. Essa atitude materna os pastores devem cultivar para com os fiéis. A Igreja não pode ser controladora e administradora mas servidora e facilitadora. Enfaticamente, afirma que a posição do pastor não é a posição do centro mas a das periferias. Deu centralidade aos leigos para junto com os pastores decidirem os caminhos da comunidade.
O diálogo com o mundo moderno e a diversidade religiosa: o papa Francisco não mostrou nenhum medo face ao mundo moderno; quer trocar e inserir-se num profundo sentido de solidariedade para com os privados de comida e de educação. Todas as confissões devem trabalhar juntas em favor das vítimas. Pouco importa se o atendimento é feito por um cristão, um judeu, um muçulmano ou outro. O decisivo é que o pobre tenha acesso à comida e à educação. Nenhuma confissão pode  dormir tranquila enquanto os deserdados deste mundo estiverem gritando. Aqui vige um ecumenismo de missão, todos juntos, a serviço dos outros.
Aos jovens dedicou palavras de entusiasmo e de esperança. Contra uma cultura do consumismo e da desumanização convocou-os a serem “revolucionários” e  “rebeldes”. É pela janela dos jovens que entra o futuro. Criticou o restauracionismo de alguns grupos e o utopismo de outros. Colocou o acento no hoje: ”no hoje se joga a vida eterna”. Sempre os desafiou para o entusiasmo, para a criatividade e para irem pelo mundo espalhando a mensagem generosa e humanitária de Jesus, o Deus que realizou a proximidade e marcou encontro com os seres humanos.
Na celebração final havia mais de três milhões de pessoas, alegres, festivas e na mais absoluta ordem. Desceu um aura de bem-querença, de paz e de felicidade sobre o Rio de Janeiro e sobre o Brasil, que só podia ser a irradiação do terno e fraterno  papa Francisco e do Sentimento Divino que ele soube transmitir.
* Leonardo Boff escreveu 'Francisco de Assis e Francisco de Roma: Uma nova primavera na Igreja?' (Editora Mar de Ideias, Rio, 2013).

sábado, 7 de setembro de 2013

Fundamentação para o título de "Mãe Rainha"

Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt

Reflexão teológica
As diversas partes do nome, além de um profundo conteúdo pelo processo histórico e agraciado, têm seu fundamento teológico.

Mãe - Ela nos foi dada como Mãe por Jesus agonizante na Cruz: “Eis ai tua Mãe! (Jô 19,27). Como Igreja formamos o corpo místico de Jesus Cristo, portanto, sua Mãe é também a nossa Mãe.

Rainha - Maria foi concebida sem pecado, é a criatura mais perfeita, a obra-prima do Altíssimo Senhor. Ela é Mãe do Rei do Universo. Na anunciação disse-lhe o Anjo: “Eis que conceberás e dadas á luz um Filho... Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; Ele Reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim” (lc 1,31).

Vencedora - Deus lhe deu o poder de esmagar a cabeça da serpente e triunfar sobre todos os poderes diabólicos. “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua linhagem e a linhagem dela. Ela te esmagará a cabeça...” (Gen. 3,15).

Três Vezes Admirável - É a obra mais perfeita de Deus Trino, a filha admirável do Pai eterno, a Esposa admirável do Espírito Santo e a Mãe admirável do filho divino. Maria é admirável como: Mãe de Deus, Mãe do Redentor e Mãe dos remidos.


De Schoenstatt - Deus escolheu esse lugar singelo para que ela estabelecesse neste Santuário de Graças, iniciando uma peregrinação mundial em busca dos filhos ao Pai. Schoesnstatt é uma palavra alemã que significa “Belo Lugar”. tendo uma natureza muito bela, o lugar torna-se ainda mais belo porque ali o Divino irrompe no humano, pela presença de Maria no Santuário de graças.  

Na Escola de Maria, missionários do Tabor (2008)

Santuário Fruto e sinal da Aliança de Amor



SANTUÁRIO FRUTO E 
SINAL 
DA 
ALIANÇA


Rumo ao centenário da Obra de Schoenstatt, em 18 de outubro de 2014, estamos vivendo o “Ano da Aliança”. Por isso, todos os meses, nos dedicamos a refletir, no Dia da aliança, sobre a mensagem da aliança de amor, portanto perguntamos: que relação têm o Santuário de Schoenstatt com a Aliança de amor?
Nós conhecemos a história do Santuário da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Na sua origem não está uma aparição da Mãe de Deus, ou um fato extraordinário, mas uma Aliança de Amor. Por esta aliança, o padre José Kentenich e um grupo de seminaristas propuseram um ”acordo” com Maria: Ela transformaria a pequena capela em Santuário, na medida em que eles vivessem com fidelidade sua Aliança com Ela e colocassem esse esforço nas suas mãos, como contribuições para o capital de graças. A história seguinte ao movimento de Schoenstatt e o testemunho de vida dos que viveram e vivem esta Aliança de Amor, comprovam que a Mãe aceitou a Aliança de Amor de 18 de outubro de 1914.
A partir da história e da vida do Movimento de Schoenstatt, nós podemos então dizer que o Santuário da Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt é fruto da Aliança de Amor, por que ele deve sua origem e sua existência à aliança selada entre a Mãe de Deus e a família de Schoenstatt. Ao mesmo tempo, ele pode ser chamado de sinal de aliança na fidelidade do dia-a-dia.
Quase vinte anos depois da fundação do Movimento de Schoenstatt, em 1943, foi construído o primeiro Santuário de Schoenstatt fora a Alemanha, em Nueva Helvetia/Uruguai. A partir de então, construíram-se muitos santuários da Mãe Rainha em diversos países, chamados de Santuários filiais. Eles são idênticos ao santuário original, e são portadores da mesma missão. No Brasil o primeiro santuário de Schoenstatt foi inaugurado em abril de 1948, em Santa Maria/RS.
Todos os quase 200 Santuários de Schoenstatt existentes nos cinco continentes, como expressão da vida de Aliança da Família de Schoenstatt, são também fruto e sinal da Aliança de Amor.
Em 10 de setembro de 1950, a partir do Santuário de Schoenstatt, iniciou-se a campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, o Diácono João Pozzobom, recebeu neste dia uma imagem da Mãe Rainha.
Quando começou a campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, foi como se a Mãe e Rainha dissesse: ”Não vou esperar que meus filhos venham a mim, mas eu mesma vou ao seu encontro”. E ela levou consigo a graça de seu Santuário. É como se a imagem peregrina, se tivesse tornado um “Santuário Peregrino".
Assim através da imagem peregrina Três Vezes Admirável de Schoenstatt, todos nós que recebemos sua visita, podemos entrar em contatos com as graças do Santuário. É como se as paredes do pequeno Santuário se alargassem e quisessem abraçar o mundo inteiro.

Por isso, garantias desta realidade imagem da mãe peregrina que vem nos visitar, também se torna para nós, fruto e sinal da Aliança. Ela nos convida a sermos também nós garantias desta realidade, assumindo a aliança de Amor de 18 de setembro. Aproveitemos cada celebração do dia da Aliança para renovar o nosso sim à Mãe Três Vezes Admirável.

Inspirando o heroismo

Na aspiração ao heroísmo

             O amor apresenta uma característica muito peculiar: a tendência ao heroísmo. Vive de uma elevada aspiração e de ações heróicas. Em sua tarefa cotidiana vive de anelos heróicos e de ações heróicas.
  
O heroísmo da Mãe de Deus

            É o que contemplamos com especial relevo da querida Mãe de Deus. Ainda que tivesse silenciosa e desconhecida, alimentava o seu coração grande saudade de Deus e do reino de Deus. Trilhar o singelo caminho do dia comum, não significava para ela perder de vista sua meta. Era uma filha da saudade. Bem podemos crer que por seus íntimos suspiros e anelos ela exerceu uma influencia de notável heroísmo no nascimento do Salvador, na vinda do Espírito Santo e na redenção do mundo.

É realmente vemos que nossa Mãe foi e sempre será uma grande heroína, tal como, todos os santos eram homens de grandes aspirações. O Espírito Santo sempre despertou em seus corações um grande desejo de se unir a Deus e de se consagrar a seus interesses.

Os desejos da Mãe de Deus sempre se converteram em realidade da sua vida. No momento da encarnação ele pronunciou o “Fiat” e heroicamente nunca mais o revogou. Nem a profecia de Simeão: “Eis que Ele é destinado a ser ocasião de queda e ressurreição para muitos em Israel e para ser sinal de contradição, e uma espada transpassará à tua alma.” (Lc 2, 34-35); nem a realização desta profecia, na fuga para o Egito e na paixão e morte de Jesus, puderam abalar o seu “Fiat”. Por isso nos refere a Sagrada Escritura tão expressivamente: “Junto à cruz de Jesus estava de pé sua Mãe“ ... (Jo 19, 25). Estava de pé como “Máster dolorosa” e Rainha dos mártires, não somente com seu corpo heróico, senão também com sua alma que permanecia calma e firme a base sólida do “Fiat” que um dia pronunciara. Seu heróico coração palpitante Mãe o repetiu mais de uma vez, estremecendo ainda, quando mãos amigas delicadamente lhe depuseram no regaço o corpo desfigurado e ensangüentado de seu Filho já sem vida.

Igualmente, a vida de todos os santos está repleta de grandes ações, com as quais concretizam sua missão peculiar. Dentre muitos filhos heróicos, temos dois em especial nosso fundador o Pe. Jose Kentenich e o Diácono João Luiz Pozzobon, que através da sua Aliança de Amor, tornaram-se também filhos e heróis, mostrando a verdadeira fé em Maria, nossa Mãe e Rainha, uma filha que realmente soube viver sua filialidade heróica despertando no coração de tantos, em especial, dos citados acima uma vivencia filialmente heróica.

Em verdade não faltam grandes aspirações a muitos católicos bons e zelosos, porém, falta-lhes empregar o devido esforço para convertê-la em ações. Seus bons propósitos não passam de sonhos e entusiasmos infrutíferos. Criam um mundo de ilusões em que se refugiam quando a vida os trata com mãos ásperas e duras. Em suas profissões não conseguem realizar grandes coisas, nela não encontram o amor e o apreço que tanto esperam; por isso buscam uma compensação no mundo dos sonhos, onde sempre estão, e cujo centro é sempre o pequeno eu. Tais pessoas não aprenderam a dominar a vida e jamais serão cristãos.

São muitos que neste mundo encontram-se entre aqueles de quem São Francisco de Sales dizia: “Pensam realizar no futuro brilhantes obras de caridade... e fogem amedrontados das menores cruzes que o presente lhes impõe.” Ao contrário. Conhece e ama o “agere contra”, o agir contra os próprios caprichos e inclinações, movido pelo amor, a fim de estar cada dia mais e pronto a aceitar todos os desejos de Deus.

Ele faz o que não gostaria de fazer.
Omite o que não gostaria de omitir.
Sofre o que não gostaria de sofrer.

Assim se preserva de ilusões, torna-se vazio de si mesmo e pleno de Deus. E vai subindo degrau por degrau.

Somente um grande amor a Deus pode gerar esta força motriz e determinar a intensidade desta luta e aspirações heróicas na vida cotidiana.

            Nossa Mãe heróica é, ao mesmo tempo, nossa Educadora, aquela que foi formada na severa escola de Jesus. Ela conheceu detalhadamente os planos secretos de Deus. Compreendeu que a insegurança e a angústia que Deus permite aos homens, tornam-nos semelhantes a Cristo crucificado, instrumentos aptos e sementes fecundas para um mundo novo. Está a par e observa a lei de que o Reino de Deus sofre violência; por conseguinte, não é conquistado com jogos e prazeres, mas por severa disciplina de si mesmo. Não quer e não pode dispensar da determinação de Deus, após a queda da Adão: que a vida do homem aqui na terra é um duro combate contra a tendência do mal no próprio coração; contra as influências do mundo doentio e o poder dos maus espíritos que, quais leões a rugir, andam em busca de quem possam devorar.

Sua tarefa de Mãe, educadora e heróica, consiste em preservar-nos de muitos perigos do corpo e da alma. Sua tarefa educativa impele-a a ajudar-nos e a educar-nos, a fim de que, através da insegurança e angústia assustadora que inquietam os povos, mais depressa nos tornaremos livres de tudo o que não é de Deus. Sua tarefa heróica nos mostra como buscar e encontrar só nele a paz e a segurança, o lar e o ninho. Quer nos estimular a nos entregarmos, sem reserva, como instrumento, por meio da Aliança de Amor. Uma Pequena Maria, porém heroína que responde a aflição do tempo e da vida, através do salto mortal da inteligência, da vontade e do coração, ao coração de Deus Pai. E como permanente Auxiliar do Senhor, não cessa de colocar-se como instrumento para a renovação do mundo.

“Seja Maria a mostrar-nos no seu Filho o Caminho da paz, e ilumine os nossos olhos, para que saibamos reconhecer seu Rosto no rosto de cada pessoa humana, coração da paz!” (Papa Bento XVI)


Santidade de todos os dias – vol. 1 –autor:Pe. Kentenich
(Tradução: Irmãs de Maria de Schoenstatt

Homem novo na nova comunidade

O homem novo na nova comunidade

O homem novo na nova comunidade é o ideal que Schoenstatt persegue. Este homem novo, por definição, é um homem livre, arraigado em uma comunidade.
Tanto do ponto de vista natural como sobrenatural, somos essencialmente um ser social. Desde nossa concepção, estamos atados e enraizados na comunidade. Literalmente, estamos no seio de quem nos concebeu. Ao nascer, somos inteiramente dependentes da comunidade que nos acolhe. Desenvolvemos e alcançamos nossa realização pessoal na medida em que entramos em comunhão com outras pessoas capazes de amar e necessitadas de amor como nós também o somos.
Como criaturas, feitas a semelhança do Deus Uno e Trino, Comunidade de Amor infinito, nunca seremos nós mesmos senão em comunidade. Esta realidade se faz mais profunda e radical desde o momento em que, pelo batismo, fomos incorporados em Jesus Cristo, e por ele passamos ser “familiares de Deus”, membros da Igreja, que é seu Corpo.
Esta vocação “relacional” ou comunitária do homem, sem dúvida, em nosso tempo sofre uma dura agonia. Cada dia, se manifesta com maior intensidade uma crise cultural onde o indivíduo converteu em um parafuso de máquina, um número anônimo dentro da massa, um fator de produção que é utilizado e, muitas vezes, ultrajado na sua dignidade.
Por outro lado, nunca a humanidade contou com tantos meios de comunicação, de todos os tipos, tão amplos, variados e sofisticados, como hoje o temos. Nunca estivemos mais pertos uns dos outros, mas, ao mesmo tempo, nunca estivemos interiormente tão distantes uns dos outros. O individualismo e a massificação são marcas características de nossa época. Estamos imersos numa sociedade possuída pela desejo de ter e dominada por um espírito de competência extraordinariamente poderoso, uma sociedade “despedaçada”, como a qualifica o Papa João Paulo II.
Pe. Kentenich afirma que, em nosso tempo, estamos sofrendo os estragos de uma bomba atômica mais daninha do a que destruiu Hiroshima. Se referia ao que denomina “a desintegração do organismo de vinculações” ou de relações inter-pessoais, tanto na ordem natural como sobrenatural. Desintegração que hoje corrompe nossa convivência como uma praga. Corrompe a rede de vínculos de amor filial, fraternal, esponsal, familiar, comunitária e social. A rede que permite que uma pessoa se desenvolva, viva e trabalhe de modo sadio, quer dizer, em forma humana e fecunda, foi destruída de modo nunca visto antes.
Daí a tremenda solidão e vazio interior do homem contemporâneo. É um ser desarraigado, perdido no anonimato; psiquicamente desmantelado. Muitas vezes, rodeado de todo tipo de comodidades, em construções confortáveis e dotado de todo tipo de meios econômicos e técnicos, e, contudo, incapaz de manter um contato pessoal, ávido de compensações de ter e de gozar; buscando saciar, por todos os meios, sua sede de amor, o mais essencial que realiza o ser humano.
Para este tipo de homem, Schoenstatt quer dar resposta com uma busca decidida de comunhão e de solidariedade, tanto no plano natural como sobrenatural. Schoenstatt tem como programa, cultivar por todos os meios o organismo de vínculos pessoais queridos por Deus. Quer levar a viver em plenitude o chamado a ser um em Jesus Cristo, a saber-nos e sentir-nos membros uns dos outros, formando uma comunidade onde se supere o viver um contra o outro ou justaposto um ao outro. Ou o que é superior ou indiferente frente ao outro.
A nova comunidade conhece e cultiva a comunidade de corações, na família natural e no mundo do trabalho, onde, além das relações funcionais de produção, existe a valorização e a responsabilidade pessoal um pelo outro. Sua idéia é formar um novo tipo de comunidade onde um viva em, para e com o outro.
            Pe. Kentenich, como prisioneiro no campo de concentração de Dachau, compôs uma oração na qual expressa o ideal da nova comunidade à que aspiramos:
 
“Conhece a terra tão terna e acolhedora,
que o  eterno Amor construiu para si:
onde corações nobres pulsam unidos
e se suportam com alegria sacrifical;
onde, abrigados, mutuamente, se inflamam
e afluem para o coração de Deus;
onde brotam torrentes borbulhantes de amor,
para saciar a sede de amor do mundo?" RC 600
 
Gerar esta verdadeira "colônia do céu" aqui na terra eis o que Schoenstatt pretende.

Chamado a ser missionário

O CHAMADO A SER MISSIONÁRIO

            Deus que é amor, criou tudo o que existe por amor. Portanto, todos somos um efeito deste seu ato de amor, a obra-prima de sua criação.
            Foi também por amor que o PAI enviou seu Filho para salvar-nos. Cristo com total disponibilidade assumiu a missão que o PAI lhe confiou. Concebido pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria, tornou-se um de nós, cumprindo sempre e em tudo a vontade salvadora do Pai. Movido pela força do Espírito Sant, realizou sua tarefa evangelizadora, redimindo-nos do pecado com a entrega total de sua vida no alto da cruz.
            Jesus escolheu os apóstolos e entregou-lhes a sua missão, fazendo o solene envio: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16,18).
            Na consciência de que eram instrumentos eleitos e amados por Deus, empenharam suas forças, entregaram sua própria vida, para difundir o evangelho do amado Mestre.
            No decurso da história, a Igreja, Corpo Místico de Cristo, realiza a missão evangelizadora de Jesus. Em nome do Salvador ela repete a muitos homens e mulheres o seu mandato: “Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vós”(Jo 20,21).
            Todo aquele que é chamado a evangelizar, torna-se missionário à semelhança de Jesus. È por Ele enviado para cumprir uma missão. Por isso, deve estar profundamente convicto de que “... a missão consiste em transformar progressivamente o mundo pelo amor que vem de Deus através da fé em Cristo”.
            A convocação divina exige disponibilidade, prontidão e muitas vezes renúncias e sacrifícios. Quando Deus chama, Ele espera o sim livre e generoso ao qual liga uma torrente de graças e profundas alegrias. Quem abraça a obra de Deus precisa de abertura, fidelidade, perseverança, amor e doação. Só assim, o espírito de Deus pode atuar por meio dos missionários, apesar de sua pequenez e simplicidade.
            Para realizar a grandiosa missão que Cristo confiou a sua Igreja, Deus Pai convoca hoje também a nós. Chama-nos pelo nome e constitui-nos evangelizadores, anunciadores da boa nova da salvação.
            Como missionários somos chamados a evangelizar as famílias através da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt. Ela caminha a nossa frente como a grande Estrela da Evangelização, batendo de porta em porta, pedindo entrada para seu Filho, que quer trazer a salvação às famílias.

EVANGELIZAR EM VIRTUDE DO BATISMO

            Pelo Batismo tornamo-nos participantes do ministério sacerdotal, profético e real de Cristo. Esta participação se concretiza plenamente pela Eucaristia que une todos os membros do corpo de Cristo na caridade, que é alma de toda a ação apostólica.
            Participamos do ministério sacerdotal de Jesus pela oferta de nós mesmos e de tudo o que possuímos a Deus a fim de testemunhar o seu evangelho. A oferta dá-se pela oração, recepção dos sacramentos, por uma vida santa e, sobretudo pelo exercício da caridade.
            Exercemos o ministério profético da evangelização, anunciando Cristo pelo testemunho de vida e pela palavra.
            Como batizados participamos do ministério real de Jesus pois Ele nos convida a viver santamente no meio do mundo, servindo aos irmãos. Assim colaboramos para que todas as coisas sejam transformadas pelo espírito de Cristo e o mundo todo seja consagrado ao Pai e Ele seja tudo em todos.

Quando o missionário é apto para evangelizar?

            O missionário mais preparado para evangelizar é aquele que melhor se identifica com Cristo. O anúncio do Evangelho só é possível àquele que vive em virtudes cristãs e testemunha pela santidade de cada dia o que acredita.
No Documento Redenptoris Missio (A Missão de Cristo Redentor), o Papa João Paulo II fala que “todo o missionário só é autentico, quando se empenha no caminho da santidade: a santidade deve ser considerada um proposto fundamental e uma condição totalmente insubstituível para se realizar a missão da salvação da Igreja.” (RM,90).
            Somos estimulados à evangelização mostrando que a Igreja deve refletir a luz de Cristo, iluminar a todos anunciando o Evangelho aos homens.
            A vocação de missionário exige, além da doação ao serviço dos outros, a oração e a contemplação, uma vida em profunda união com Deus.
            “O missionário deve ser ´um contemplativo na ação`. Encontra resposta aos problemas na luz da palavra de Deus e na oração pessoal e comunitária... O missionário, se não é contemplativo, não pode anunciar Cristo de modo crível.”(RM,90)

            Ele anuncia o que vivencia, e, na contemplação de Deus, busca a força para sua atuação.